quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Pantaleón e as visitadoras

          Férias chegando ao fim 😢 e, é exatamente nesse momento que o livro Pantaleão e as visitadoras de Mario Vargas Llosa caiu como uma luva. Acompanhar a trajetória de Pantaleão Pantoja pela Amazônia peruana a fim de cumprir a importante missão de montar um serviço de "visitadoras" para os soldados isolados em guarnições perdidas e que vinham transformando-se em estupradores é, ao mesmo tempo, divertido e desafiador.
          Divertido porque a narrativa de Llosa tem ares de travessura de menino. Relatórios e documentos oficiais do exército, cartas, programas de rádio e recortes de jornais trazem a veia humorística ao texto, tornando-o leve e hilário ao mostrar como a burocracia pode tratar de assuntos como sexo, prostituição, bebedeiras...
          Desafiador porque o leitor de Pantaleão e as visitadoras não pode ser um leitor passivo, ele deve perceber a meticulosa construção da narrativa: diálogos de duas cenas misturados; relatórios, cartas e todo tipo de documento recheados de palavreado oficial e cheios de eufemismos.
           Engana-se quem acredita que este livro é apenas safado, debochado, pode-se perceber a inteligência e sutileza do autor ao criticar a vida militar e sua burocracia, os falsos líderes religiosos e sobretudo a sociedade e suas hipocrisias.
           Deixo a foto e os dados da edição da Alfaguara, pois a que tenho é a da antiga Biblioteca Folha de 2003. Excelente tradução de Heloisa Jahn.
           Recomendo a leitura fortemente!


Pantaleão e as visitadoras
Mario Vargas Llosa
Editora Alfaguara
246 páginas

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