domingo, 4 de junho de 2017

Literatura grega: o que tenho achado por aí? (4)

         Vassili Vassilikos é grego (1934), mas vive há muito tempo exilado na França por causa de seu posicionamento político de esquerda. Grande parte de sua infância e adolescência morou em Salônica, cidade em que foi assassinado o deputado Lambrakis, ponto central do livro Z
          A militância política de Vassili Vassilikos fica evidente na narrativa de Z, mas de forma alguma reduz a obra a mero panfleto político. A narrativa é ágil, acompanhando o ritmo e a tensão com que os fatos vão sendo apresentados. Vários pontos de vista aparecem, tornando a narrativa multifacetada e muito interessante. A leitura exige muita atenção e desperta o leitor para observar o que faz de um homem um assassino e de um grupo social seus cúmplices.
           O deputado Lambrakis foi assassinado em plena rua e sob os olhos da polícia, tornando-se símbolo da revolta do povo grego contra um regime opressivo e corrupto. O romance Z reconta essa história e mostra sua posterior investigação e o destino de todos os envolvidos no crime. Na aparência, uma história de corrupção e ganância e mais profundamente, a figura de um juiz aparece como esperança de novos tempos.
           É uma pena que um bom livro como este esteja fora dos catálogos das editoras. Livro não só atual, mas necessário para a reflexão sobre temas tão presentes em nossos dias. 
           Leitura recomendadíssima!!!!





                    Z
                    Vassilis Vassilikos
                    Editora Nosso Tempo
                    1970
                    354 pp                              






          "Para o General, Salônica é um tabuleiro. Aqui, a torre - a torre branca-, lá o bispo - minarete da torre - lá o cavalo, - o porto cavalgando o mar. Todas as peças se refletem nas águas do golfo e se desdobram: duas torres, dois bispos - dois cavalos. Só o rei e a rainha estão ausentes. Mas o General ainda tem muitos peões. Ele os desloca agilmente. No entanto, seu adversário tem uma grande vantagem: os jornalistas. Cada vez que o General perde um peão, fica louco de raiva. Não sabe perder. (...)"

Nenhum comentário:

 
;